VIABILIDADE ECONÔMICA DA CAFEICULTURA NA REGIÃO SERRANA

A cafeicultura seja ela empresarial ou familiar, assim como todas as outras atividades agropecuárias, além das incertezas do tempo se submete aos humores do mercado tanto interno quanto externo, uma vez que o produto é uma commoditie negociada em bolsas internacionais, impossibilitando nossa interferência de alguma forma nas cotações. Neste contexto, a busca da diminuição de custos, aumento de produtividade e valorização do produto são formas de dar sustentabilidade econômica à exploração. Neste item os custos com adubações e colheita são os principais componentes do custo total de produção. Os custos com fertilização e correção do solo podem ser reduzidos ao se utilizar criteriosamente a análise de solos, recurso de baixo custo e que pode racionalizar a quantidade de fertilizantes a ser aplicada à lavoura para obtenção da máxima produtividade possível. Esses custos podem também ser reduzidos com o uso de subprodutos (cascas e palha do café) para corrigir deficiências nutricionais. Cada tonelada de palha de café possui 17 kg de nitrogênio, 1 kg de fósforo e 32 kg de potássio. A preços atuais isto representa aproximadamente R$100,00. Levando-se em conta que entre 45 e 55% da produção é palha e que para produtividade média de 2,5 ton/ha, chegamos a um valor de R$ 250,00 por ha/ano. Além deste ganho, há ainda o efeito benéfico da matéria orgânica para a biologia dos solos e retenção de umidade. Atualmente a palha tem sido utilizada como fonte de energia nos secadores das próprias fazendas em substituição ao eucalipto, sendo, porém, mais vantajoso economicamente seu uso na fertilização quando comparado com o custo da aquisição do eucalipto. A palha pode ainda ser enriquecida quando utilizada como cama de frango, aumentando seu teor de nitrogênio e fósforo ou participando do processo de compostagem, melhorando a qualidade de sua matéria orgânica.
Relativamente aos custos de colheita para nossa região que, pela topografia não permite uma mecanização maior, deve-se fazer uso de máquinas derriçadoras manuais que aumentam bastante o rendimento da mão de obra dos colhedores, reduzindo desta forma um dos principais custos da cafeicultura. Há que se lembrar que o custo de mão-de-obra é composto tanto pelo salário a ser pago quanto pelos encargos trabalhistas que tem obrigatoriamente que ser cumpridos. O despolpamento também reduz os serviços de terreiristas ao reduzir a área necessária para secagem do café e também seu tempo de secagem, além de melhorar a qualidade da bebida.
Aliado à baixa de custos, devemos buscar o aumento de produtividade das lavouras com adubações equilibradas, bom controle de pragas, doenças e ervas daninhas, uso da irrigação para áreas menores, utilização de cultivares mais produtivos e diminuição de espaçamento entre plantas. A qualidade da produção também deve ser buscada sempre, agregando valor à produção e abrindo novos mercados consumidores mais exigentes e melhor remuneradores.
Agindo racionalmente e fazendo contas de todos os recursos envolvidos na produção de café, tentaremos fechar a contabilidade da atividade no azul, uma vez que os custos de produção tem uma tendência sempre ascendente e as cotações do produto nem sempre seguem esta lógica, tornando muitas vezes a atividade sem retorno adequado ao produtorl, causando dificuldades de caixa ao empreendimento rural.
Engº Agrônomo Marcos Belo Costa Ferreira
Escritório Regional Serrano
EMATER-RIO
(22)2533-1350
A CAFEICULTURA NA REGIÃO SERRANA DO RIO DE JANEIRO
Uma das primeiras atividades econômicas do território fluminense, a cafeicultura que já foi uma das explorações que mais causou danos ambientais ao necessitar de desmatamento de grandes áreas para sua instalação, hoje, pode-se dizer, que é uma boa alternativa de produção econômica aliada à preservação ambiental. Isto decorre do fato de que a atividade por ser perene não necessita de revolvimento do solo a cada safra, o que por si só já é uma grande vantagem nas nossas condições de topografia. Como os plantios mais recentes são feitos em curvas de nível, não há o escorrimento de água e solo que tantos danos causam aos morros e aos cursos dágua, entupidos pelo assoreamento das camadas mais férteis dos terrenos declivosos. Outra característica interessante é o fato de que o café suporta um sombreamento de até 30% sem perdas consideráveis à produção, sendo até benéfico às plantas, uma vez que em sua origem (Etiópia) era desta forma que se desenvolviam as populações originais da rubiácea. Esta aptidão permite a sua exploração em sistema de agrofloresta (SAF), sendo, portanto, uma alternativa de recuperação ambiental de áreas degradadas. Na questão hídrica, da mesma forma que uma mata absorve grande quantidade de água das chuvas e permite sua infiltração lenta no solo, uma lavoura de café também absorve o excesso de chuvas e o distribui forma equilibrada e lenta, evitando escorrimento e erosões.
Sendo uma atividade altamente demandante de mão-de-obra, principalmente na colheita, gera um grande e benéfico impacto socioeconômico regional, criando direta e indiretamente inúmeros postos de trabalho no campo, fazendo girar o comércio e serviços dos pequenos municípios que ainda desenvolvem a atividade.
Atualmente a atividade se ressente de dois alguns fatores que afetam sua rentabilidade e sua sustentabilidade. A produtividade das lavouras muitas vezes é afetada pela deficiência no controle de pragas e doenças, uso de cultivares defasadas, baixa população de plantas por hectare, adubações e correções de solo incorretas ou insuficientes. A questão da necessidade de grande contingente de trabalhadores para seus tratos e colheitas, obriga os produtores maiores a buscá-los em distâncias cada vez maiores, até em outros estados, encarecendo os custos deste item. Por outro lado, as cotações do produto ao acompanharem o preço ditado pelo mercado de commodities, muitas vezes tornam a atividade pouco lucrativa ou até gerando prejuízos aos produtores que a ela se dedicam.
Apesar de todos estes percalços, a atividade cafeeira ainda é desenvolvida em um grande número de pequenas propriedades familiares da região gerando renda e importantes postos de trabalho no meio rural. Isto se explica pelo fato de que a cafeicultura familiar ao se utilizar preponderantemente mão de obra própria, todo ou a maior parte do custo com este item é apropriado pela família, não sendo considerado na verdade um custo e sim uma remuneração.
A atividade propicia ainda integração com outras existentes na propriedade como por exemplo fruticultura, olericultura, avicultura, pecuária, silvicultura entre outras diversificando as fontes de renda do produtor e dando segurança financeira ao empreendimento familiar.
A importância da cafeicultura já foi tamanha no nosso estado e na nossa região que além de aparecer o ramo de café no brasão de vários municípios, também aparece no brasão estadual, caracterizando a vocação do estado para a cultura. Apesar da perda de importância da atividade ao longo do tempo, ela ainda viabiliza um grande número de pequenas propriedades que a ela se dedicam, sendo desta forma uma atividade que deve ser estimulada e apoiada seja em termos de crédito apropriado, assistência técnica ou estruturas de beneficiamento, armazenagem e comercialização.
Engº Agrônomo Marcos Belo Costa Ferreira
Escritório Regional Serrano
EMATER-RIO
(22)2533-1350
0 comentários:
Postar um comentário
Deixe seu comentário...